terça-feira, 30 de novembro de 2010

O Nó da Mentira

Maquiavel afirmara em seus pronunciamentos que o Princípe podia tudo para manter o poder e isto incluia, desde o uso da corrupção, da força para eliminar os adversários e as ações impopulares de tirânia para arrecadar impostos com o intuíto de, em seguida, distribuir pão e circo aos súditos e se para sobreviver fosse necessário mentir, que prevalecesse então a mentira.

Um recente episódio na política de Passos parece que teve a intenção de usar a máxima proposta por Maquiavel. O início desta ópera bufa aconteceu na sessão da câmara da semana anterior a esta, quando da tribuna o vereador Jeffinho disse que estava recebendo denúncias sérias contra o diretor de obra, Olavo Maia Lima. Diziam as denúncias, conforme Jeffinho, que ele – Olavo – desviava material e beneficiava apaniguados seus e até insinuações de que se benificiava também com uso de materiais de construção em obra própria. Claro é algo que merecia ser investigado, tanto para livrar o servidor de tal pecha como para imprimir-lhe alguma punição se comprovada alguma irregularidade.

Enquanto a coisa ficava nas hipóteses poderia ser tudo menos verdade, embora também não pudesse ser descartada que assim não o fosse. Jeffinho prometeu investigar. Edmilson, o único vereador de situação da câmara, porque os outros parece que só fazem firula para receber no fim do mês, afirmara na ocasião, que tinha levado o caso ao prefeito Hernani e que este lhe teria dito que mediante confirmação do fato demitiria de forma sumária o funcionário, o que pode mesmo fazer já que ele ocupa cargo de confiança.

O roteiro estava pronto para ser desenvolvido. Jeffinho iria procurar as provas. A turma da situação iria tentar desqualificá-lo. Natural na política, diria Maquiavel que escreveu seus livros de estratégia quando na maioria dos casos os regimes eram totalitários numa Itália dividida em diversos feudos. Mas ninguém imaginava o que veria a seguir.

Não é que Jeffinho descobriu servidores municipais trabalhando em uma determinda casa da cidade? Acompanhado de Dentinho e policiais trataram de lavrar boletim de ocorrência e levar o caso até o Ministério Público. Diz uma das testemunhas oculares do fato que um servidor, quando percebeu a chegada dos agentes políticos e polícia militar chegou a mencionar “a casa caiu”, um jargão usado por quem é flagrado cometendo delito, embora seja importante ressalvar que o mesmo dissera também que estava cumprindo ordens do chefe Olavo. Bingo, teria pensado Jefinho e Dentinho, estava comprovado pelo menos uma ação ilicíta do diretor de Obras.

Mas o que se viu na imprensa, em especial no diário local, foi outra história. A prefeitura de fato estava na casa, construindo um banheiro para uma pesssoa (uma mulher) cadeirante, que hava trocado uma possibilidade de ter uma casa no programa Minha Casa, Minha Vida, que ainda não está na fase de triagem dos futuros moradores das 500 feitas aqui, por esta obra que tornaria sua vida mais confortável junto a seus familiares. Para ilustrar, as fotos da cadeirante em situação dificil, e, para completar o quadro de comiseração, a prefeitura fazia o trabalho atendendo o pedido do Paulinho da Reintegrar, também cadeirante, vereador com mais de 2300 votos, o mais votado de Passos no último pleito.

E aí a casa caiu em cima dos vereadores, que zelosos tentaram passar a verdade e se viram transformados em impiedosos personagens, que estavam tentando impedir uma ação de profundo apelo social em favor de uma portadora de necessidade especiais.

Uma mentira bem pregada que está se transformando numa verdade consolidada, bem na linha de Goebels, o chefe da propaganda nazista da época de Hitler.

Mas o episódio acaba por aí? Creio que não. É preciso lembrar que a bem articulada manobra de comunicação da assessoria da prefeituta não cega os olhos do prefeito Hernani. Ele é dotado de um patrimônio (de homem íntegro e honesto) que ajudou derrotar Ataíde, também na época imerso num mar de acusações montadas contra ele pelo Ministério Público e por ex-diretores da Amapassos, da qual vem se emergindo pelas absolvições que vem conseguindo na justiça. E é correto entender que deste patrimônio para o qual o eleitor vem dando inestimável valor, o prefeito Hernani - e mais, o homem Hernani – não vai querer abrir mão.

Se ele não agir com a presteza que o caso exige, demitindo ato sumário o diretor de obras , pode ser considerado conivente com um ato ilegal ocorrido dentro de sua administração já que não existe nenhum programa de construção para atender pessoas portadoras de necessidades especiais (que seria louvável se existisse) e que outras dezenas, por não serem ligadas ao vereador Paulinho da Reintegrar, não tiveram a chance de ver construídas para si. Ademais um Programa fixaria critérios e não teríamos o mofo do privilégio que temos no presente caso, quando se sabe que a obra é necessária, mas não se tem nenhum indicador que ela atenda uma necessidade de amparo social, ou seja que tal só pudesse ser feita mesmo com recursos do município . E qual cidadão se oporia a uma obra realizada com amparo legal para beneficiar alguém que realmente precisa?

A dimensão que o caso ganhou, em razão da repercussão fundada na reportagem do diário local, promete desdobramento. Nesse caso, para que não se enrede na história, o prefeito José Hernani, para preservar o bom nome que tem, só tem uma saída: exonerar Olavo. Agora. Na próxima sessão da Câmara já pode ser tarde . E para encerrar, a análise que é feita aqui não tem a intenção de mostrar um posicionamento pessoal diante do caso, mas uma avaliação dentro do marketing político, como fazia primariamente antigamente Maquiavel, grosso modo, orientando os homens públicos em como manter o poder. A diferença é que naquela época o instrumento usado para convencimento era a força . Hoje é a história do homem público que lhe dá credibilidade. Hernani pode estar jogando fora a sua sem que se dê conta

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A atitude necessária

A Câmara de Vereadores de Passos foi palco, mais uma vez, de discussão em torno da questão da saúde na cidade. No dia em que vereadores da situação se prepararam para mostrar as ações do governo municipal (diga-se Edmilson, Salutti e Pauliho da Reintegrar), a oposição foi brindada com a presença de agentes comunitários de saúde, que compõem as equipes de PSF’s, reivindicando repasse para os seus vencimentos do valor que o Ministério da Saúde determinava para eles , R$714,00. Alegaram que os vencimentos deles chegam a R$600,00.

Mas isto foi só o início da conversa. Acrescentaram que cumprem jornada com ações que não constam do rol de suas atividades e abriram o leque, afirnando que realizam serviços de combate a denge, do Núcleo de Apoio à Saude da Família, do Cerest, responsável pela saúde do trabalhador, além de fazerem papel de recepcionistas e faxineiros.

Para o Nucleo de Apoio à Saúde da Família relataram que fazem artesanatos e outras ações que possibilitem ao município receber recursos da área. Do Cerest disseram que são obrigados a preencher um questionário que busca informações minuciosas sobre a vida do trabalhador e sua familia e no que diz respeito à dengue contaram que realizam o serviço do que seria responsabilidade da zoonose (agentes de endemias) realizar.

Dentro do jogo politico a oposição montou um documento (que disse estar abertos aos vereadores de situação) pedindo providências ao prefeito. Os de situação – mais uma vez Edmilson- disseram que que iriam até o prefeito resover o problema e que para isso não precisavam assinar nada.

Na terça de manhã, como dito foram ao gabinete. Em lá chegando, como o prefeito barrou a Nelz Ifigênia, alegando que ela assume compromissos com o executivo no gabinete e depois muda a história no contato com os trabalhadores, a comissão montada para o encontro, em solidariedade a Nelza, não quis entrar.

A explicação veo pela assessoria de comunicação, apenas com relação ao pagamento, dando conta que a prefeitura gasta por agente R$991,00 por mês.

Na reunião da Câmara, por outro lado, os vereadores de situaçáo procuraram mostrar que a administração municiipal tem sido realizadora. Mas uma vez coube Edmilson detalhar obras: 501 casas, calçamento de mutirão, recursos para o restaurante popular. Ifestsul; saneamento e galerias pluviais; Estação de Tratamento de Água. Enfim, obras que seriam motivos de várias peças publicitárias, informativos impressos e via rádio e tv e que, parece, morrem num silêncio absurdo.

É sabido que a prefeitura está sem agencia de publicidade e isto dificulta a comunicação. Mas não é isto o principal fator que não populariza a gestão do prefeito Hernani.

Na verdade Hernani pode fazer muito e váras áreas, como por exemplo a educação, onde o trabalho da gestão tem sido eficiente, que isto pouco adiantará, se ele não tomar a atitude de vestir o jaleco branco.

O nó está na saúde. E se ele quiser salvar sua gestão precisa tomar providências drásticas. A principal delas é virar o prefeito da saúde, dispensar os principais cargos da área, incluindo o secretário, agora nem tanto pela sua competência ou não, mas por uma razão política.

Pode ser que, a partir daí, que as coisas mudem. Mas esta ação deve ser urgente, porque daqui mais um pouquinho pode ser tarde demais.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Nada a dizer

O deputado estadual eleito, Cássio Soares, que carrega as expectativas dos eleitores de Passos e região, em entrevista a revista Foco, trata de suas propostas de trabalho para quando,em primeiro de fevereiro de 2011, ao assumir o seu mandato.

Na análise que faz do pleito acerta ao dizer que estava na hora certa no lugar certo, mesmo que usando outras palavras.

De outra forma,quando trata do que deverá fazer, mostra que tinha balizamento para saber qual a demanda regional. O grande nó que está evidente para todos é a saúde. É neste ponto que ele assume compromissos, sem apontar caminhos.

Nenhuma palavra sobre a implantação de mais pronto-socorros em Passos. Nada sobre a possiblidade de um Hospital Público Regional.Muito menos como dotar a região de uma infra-estrutura que permita atendimentos especializados em diversas cidades da região, permitindo uma efetiva regionalização da prestação de serviços. Por isso mesmo, creia-se, evitou tocar no problema relacionado com o CISMIP,que é a porta de saída para este essencial trabalho de cooperação e que tem que ser abordado por quem hoje tem a liderança política da região.

Assim, de forma superficial, são abordados assuntos relativos à segurança e à educação.

Uma pena. Esperava-se mais de quem hoje tem pela frente a responsabilidade de fazer a região evoluir no que tange a diveros setores;. Era hora de quem tem o mandato debruçar-se sobre os temas que são afetos aos milhares de eleitores e cidadãos que lhe depositaram a confiança para, pelo menos, mostrar-se conhecedor dos assuntos com maior profundidade.

No que diz respeito a educação, o que se lamanta com maior ênfase, é a total ausência de compromisso com a implantação da Universidade Pública.Um sonho acalentado por mais de 16 anos,quando a FESP fez a opção por se absorvida pela UEMG. Ainda mais quando este desprezo por este anseio vem de quem diz se orgulhar de ter começado na política ainda jovem, aos 16 anos.

Evidente que é uma entrevista dada mais no calor da vitória eleitoral,do que mais propriamente na abordagem de problemas, ainda é hora de comemorar a vitória, mas é importante que o líder eleito comece a tomar pé dos desafios que tem pela frente para quando chegar a hora de enfrenta-los tenha um razoavel conhecimento do que significam para uma região que ficou mais de 16 anos sem representação política.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

CPI do silêncio

A Câmara Municipal de Passos na atual legislatura tem se caracterizado por uma maneira de atuar sem grande estardalhaço, ao contrário da anterior. Por isto mesmo a repercussão do que ela faz tem sido a da rotina de reuniões com votações de projetos mais de iniciativas do executivo do que do próprio legislativo. Quase sempre esses projetos são aprovados.

Momentos de ruídos mais intensos aconteceram através do vereador Jefinho, que levantou questões referentes a empresa que prestava serviços de mão de obra terceirizada para a prefeitura e relativo a desvio de função da zoonose.

É exatamente a Zoonose que está sob investigação por uma comissão parlamentar de inquérito (Jefinho, presidente; Edmilson, Dr Claudio Fêlix; Detinho e Paulinho da Reintegrar). Mais propriamente investiga-se a até então diretora de saúde municipal, Tânia Soares.

Encarregada de pagar o trabalho específico de combate a dengue nos horários fora de expediente, como fim de semanas e ações especiais, ela está sob suspeita de ter desviado recursos que eram depositados em sua conta para este fim.

A manobra para esta ação de desvio, como apura a CPI, acontecia mediante a assinatura de recibos em nome de funcionários e que, ainda como consta da documentação da CPI, não eram assinaturas desses funcionários, mas falsificadas.

Alguns funcionarios ouvidos pela CPI negaram mesmo que a assinatura seja deles. Uma perícia grafotécnica foi contratada pela Câmara para apurar a veracidade das mesmas.

É nesse ponto que está a CPI, no compasso de espera.

Mas o que chama a atenção é o silêncio em torno do qual serealiza os trabalhos de investigação, mesmo porque CPI’s costumam ser excelentes holofotes para os que atuam nela.

E a CPI da zoonose envolve, seja por omissão, até mesmo o secretário de saúde, Dr Cleiton Pioto. A favor dele consta a iniciativa de ter pedido uma sindicância quando percebeu sinais de que algo de errado acontecia com recursos destinados ao combate à dengue.

A sindicância foi feita e não chegou a nenhum resultado concreto, a não ser a de responsabilizar o secretário de saúde sobre qualquer coisa de errada na sua área.

Pode ser até correto, mas os cheques eram emitidos em nome de Tâina Soares, que hoje está no CEREST, recebendo como diretora, cargo em pode apostilar em janeiro (Ou seja passa a ter vencimento de diretora mesmo se deixar o cargo de confiança). Se a CPI atrasar um pouco em chegar a conclusão se há culpado ou não, a principal investigada pode deixar a função ganhando um prêmio por ter sido incapaz de gerir o seu departamento de forma competente, sem criar suspeitas de desvio de verba pública, que se estima estar acima de R$200 mil.

A administração municipal,pelo simples fato de ter na gerência do setor alguém que se mostrou incompetente, já deveria te-la exonerado, mas pelo se antevê vai mesmo é premia-la com o apostilamento. Vamos aguardar.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Um campo aberto

Parece que a atual administração entregou a palha com a rapadura. Pelo menos é o que deixa antever a forma de agir dos vereadores de situação. Na última sessão (08/11/, por exemplo, na hora do grande expediente, estava apenas Edmilson Amparado, atuando como Do Quixote, apenas com um pouco mais de inteligência, porque na hora de bater contra o moinho de vento, procurou girar usando a força do mesmo.

As críticas foram pesadas contra a implantação do Protocolo de Manchester. O sistema que organiza o atendimento na UPA, Unidade de Pronto Atendimento , mereceu, por parte de Tia Cenira, Jefinho, Dentinho palavras nada animadora. Houve até elogios para um Boletim de Ocorrência feito por iniciativa de Jefinho. Mas ele não foi o único, pelo que se tem notícia a média é de sete por dia, desde a implantação do sistema.

O coro contra é grande e vai na linha: isto é coisa de primeiro mundo, não serva aqui para “Sucupira”. Uma crítica pobre, sem conteúdo, sem observação do que é o sistema e o que poderia ser feito para que ele pudesse melhorar. O ´único que apontou para esse rumo foi Dentinho ao dizer que antes de implantar era necessário ter uma infra-estrutura capaz de dar vazão ao que não é ugência e emergência.

Elle viveu a experiência de levar sua filha para consulta na Santa Casa e lá também há o Protocolo de Manchester. A criança recebeu uma fita que signifcava que deveria esperar uma hora na especialidade em que seria atendida,. Demorou 15 minutos.

O resto jogou para a platéia. “O dr Cleiton que use o protocolo”, disse Tia Cenira. Na mesma linha de raciocíno falou Jefinho. “É duro ver uma senhora de 90 anos esperando mais de seis horas para ser atendida”. Edmilson, acuado, apenas concordou com as críricas e que algo ser feito para mudar a situação. Os outros da situação nem estavam lá.

Aliás, estava Renato Andrade, agora não mais como um vereador comum, mas como campeão de votos, para variar batendo na situação, em razão da retirada do SIF do Frigorífico Municipal agora em mãos de particulares. De novo, Edmilson concordou que isto não podia aocntecer.

Mas pelo que se sabe, o SIF já foi retirado. Os vereadores, ácidos no discurso, são lentos nas ações e a população está sem uma salvaguarda que garanta a qualidade da carne que consome em Passos.

Tanto SIF como Protocolo de Manchester são avanços.

O Protocolo de Manchester organiza a fila e o obriga o médico dedicar mais tempo ao paciente. Isto está acontecendo. Há poico tempo atrás a oposição crticava exatamente o fato do medico não dedicar tempo na consulta. Agora acha que demoram demais. Isto não é fazer oposição e sim demagogia.

Por outro lado, a prefeitura não comunica nada, a ninguém, quando resolve implantar um programa dessa envergadura. Joga fora uma inciativa que podia signifiacar uma melhora fundamental na área de saúde.

Não orienta nem seus vereadores sobre o assunto. Do jeito que está parece que a aual administração abandonou o campo de batalha.

Pode ser uma retirada estratpegica. Pode ser a crença que tudo está indo bem. Nas duas situações é bom que os gestores políticos atuais ouçam melhor a rua, senão pode ser tarde demais.

Ah, Dr Claudio Fêlix é candidato a presidente da Câmara. O vereador Edmilson levantou a lebre referindo-se à nota que a imprensa deu em torno de negociatas para garantir votos para o médico. Edmilson se excluiu dessas negociatas. Em seguida Dentinho também negou os termos da nota, afirmou que não era candidato, mas que o voto dele era de Dr Claudio e ainda completou que toda bancada de situação votava nele. A confirmar.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Dilma fala

Depois de ter sido eleita graças ao apoio e esforço do presidente Lula, Dilma Roussef, presidente eleita, falou. Acompanhada do padrinho maior mostrou que tem condições de administrar o País.

Tocou em pontos importantes. Abordou a questão do salário mínimo e nesse sentido apoderou-se da bandeira de seu adversário, José Serra, admitindo que o salário mínimo pode chegar a R$600,00 em 2011.

Disse que a bolsa família vai sofrer reajuste e que vai montar o ministério com critérios técnicos, políticos e levando em conta o histórico dos indicados pelos aliados. Não é um cuidado à toa, mas essencial para quem tem o propósito de combater a corrupção. Mas acima da boa intenção é necessário atitude que demonstre que Elenice Guerra foi um episódio fortuito na vida da ex-ministra e agora presidenta do Brasil.

De outro lado, a preocupação com a Guerra Cambial foi o tema que mais fez sentido na abordagem feita por ela na entrevista. E para isso não basta uma iniciativa isolada, é importante que haja uma ação conjunta de todos os países do mundo, notadamente o G-20.

A ferida é profunda e a cirurgia tem que ser precisa para não desencadear uma crise sem proporções no mundo todo.

Na verdade, o cenário é muito preocupante, mas agora Dilma só é sorriso fazendo questão de que pode administrar. O povo brasileiro acredita nisso. Mas ela vai ter que provar na prática, porque a oposição não vão ter com a nova presidente o mesmo comportamento complacente que teve com Lula.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Preservar e prosperar

Leia com atenção, vale a pena refletir sobre:
Enquanto o mundo todo se volta para a preservação da água e começa a discutir o futuro do planeta dentro de uma visão sustentável da existência humana na terra, o Brasil e Minas Gerais parecem ignorar essa tendência, acreditando ser possível a vida sem água.
Chega a ser constrangedor analisar o fato de que estamos trocando a criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela - com suas mil nascentes identificadas, que abastecem cerca de 45% da Região Metropolitana de Belo Horizonte e de 60% da capital – pela implantação do Projeto Apolo, que pretende minerar na área delimitada pelo parque.
Hoje, a Serra do Gandarela é responsável diretamente pela vida de aproximadamente 2 milhões de pessoas, que recebem água tratada em casa, além de ter direito ao saneamento básico. Ainda assim, querem tirar do povo mineiro mais esse direito. Há uma inversão de valores histórico e cultural nesta questão, pois o quadrilátero não é ferrífero, mas sim, aqüífero, pois o bem mais preciso para nós não é o minério, mas a água, e onde tem minério, tem água.
Uma tonelada de minério de ferro vale hoje R$ 250 no mercado internacional, enquanto que um litro de água mineral vale R$ 1,5 no mercado interno. Mil litros de água mineral valem então R$ 1.500,00, ou seja, 6 vezes mais que uma tonelada de minério, isso sem levar em consideração que a água é um bem natural renovável, ou seja, uma fonte que não seca. No entanto, querem, da forma mais tosca possível, matar a ‘galinha dos ovos de ouro’, para não ter direito ao tesouro que ela traz dentro de si. Isso se limitarmos ao questionamento de valores, sem, contudo, avaliarmos a vida presente e futura, que tem valor incalculável.
A criação do Parque Nacional do Gandarela, que abrange uma área em 8 municípios, bem no coração de Minas Gerais, o torna um bem de todos os brasileiros, de todo aquele que quer conhecer as suas belezas, andar por suas trilhas, estudar as suas espécies, pesquisar a sua fauna e flora. Assegura que daqui a centenas de anos, aquele pedaço privilegiado de terra estará preservado, com suas nascentes intactas, seus pássaros voando livremente pelo céu do Brasil, seus lobos-guarás procriando e a vida se multiplicando na terra.
A implantação do Projeto Apolo, com a atividade minerária, privatiza a área que deveria ser de todos, levantando cercas, desmatando árvores, destruindo tudo que está a sua volta. Onde rolava uma cachoeira, passará a escorre uma água negra, e no rio de águas cristalinas em que havia peixes, terá apenas esgoto.
A criação do Parque Nacional do Gandarela possibilitará o turismo, que é a indústria limpa, com investimentos pequenos e uma vastíssima e integradora cadeia produtiva, fazendo a riqueza de muitos. A implantação do Projeto Apolo destruirá e poluirá o meio ambiente, trará problemas sociais para as populações que estão ao seu entorno, com aumento da criminalidade, do tráfico de drogas, e uma profunda mudança no comportamento e na vida das pequenas e modestas localidades. Fará apenas a riqueza de poucos, de muito poucos. Não podemos trocar a flora única existente na Serra do Gandarela, com sua fauna, seus rios, vales e cachoeiras, por um buraco que será deixado pela mineração.
A escolha entre a criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela e da implantação do Projeto Apolo é emblemática para nós mineiros neste momento. É o sinal claro de qual modelo e valores de vida que adotaremos em tempos de mudanças de conceitos e atitudes mundo afora. Apontará qual a visão de mundo e sociedade que vamos ter daqui pra frente.
Será que vamos optar por ganhar menos agora ou ganhar mais sempre, continuamente!
Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor