sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Intolerância na área azul

Uma discussão tem tomado conta das rodas públicas e outras nem tanto na cidade de Passos MG: a prefeitura está certa em ampliar a área azul (estacionamento rotativo e pago) na cidade? Ao lado disso, surgem outras indagações, como se o preço que se paga é alto ou não, se os recursos arrecadados são bem aplicados, se acodem mesmo o menor que necessita de ajuda e por aí vão se colocando obstáculos para que estas áreas sejam implementadas.

A mais rasteira delas: a implantação de novas áreas prejudica o comércio, notadamente na região da avenida da Moda. Ora, se o comércio de Passos, ainda mais o confeccionista, tido como um dos pontos fortes da economia local, precisar abrir mão de uma cobrança que normatiza o trânsito, permite a fluência do tráfego e uma quantidade maior de veículos estacionando na região, é o caso desse setor refletir seriamente no rumo que tem pela frente.

Por outro lado, está o debate em torno da destinação do recurso arrecadado. Na cidade o que se consegue com a cobrança fica para a SAMP-Sociedade de Apoio ao Menor de Passos, que gerencia e aplica no apoio ao menor. É uma entidade que já formou muitos jovens, que, antes do Estatuto do Adolescente, podiam trabalhar, prestar pequenos serviços às empresas e contar com reforço escolar.

No advento do Estatuto, e mais recentemente, as autoridades proibiram que isto fosse feito. O que restou à SAMP foi mudar a estratégia e colocar jovens para fazer a cobrança, enquanto cuida de montar um a infra-estrutura para cuidar dos menores, como preconiza o seu estatuto social.

Não se sabe se por má fé ou falta de conhecimento, ou apenas pelo desejo da crítica superficial, a intenção de derrubar a iniciativa tem sido explícita. Uma pena ver pessoas, atacando algo que civiliza o trânsito e ainda pode ajudar a formar cidadãos que amanhã poderão contribuir para a existência de uma sociedade mais justa e humana, no lugar de contribuir para transformar moradias em fortalezas do medo de marginais, criados no seio da sociedade que um dia puderam ajudar e não o fizeram.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Restaurante Popular x Assistência Social

Empresários, representando o setor confeccionista, estiveram na Câmara de Vereadores na noite de segunda-feira (25/10/. Foram reivindicar que o restaurante popular não fosse construído onde funcionou a antiga rodoviária.
Para eles, o local deveria ser uma espécie de portal de entrada da Avenida Francisco Avelino Maia, a Avenida da Moda, já assim consagrada pela opinião pública, mas que na verdade é um verdadeiro shopping a céu aberto.

Eles têm razão em propor a discussão. Assim como o vereador Edmilson Amparado também tem em defender a realização de uma Audiência Pública para debater o tema.

Estranho foi ouvir vereadores se posicionando contra a construção do restaurante popular, usando argumentos tão e igual estranhos também.

Nada a ver, por exemplo, misturar o papel do restaurante popular, que tem como prioridade servir comida equilibrada do ponto de vista nutricional e de custo baixo a trabalhadores, co ma ineficiência do serviço de assistência social, conforme opina nesse sentido a vereadora Tia Cenira, que sempre tece críticas ácidas contra Auro Maia, principalmente na sua incapacidade de fazer funcionar o serviço de doação de cestas básicas às pessoas comprovadamente carentes.

Muito menos dar a entender que a construção de um restaurante popular na Avenida da Moda confrontaria com a luxo das roupas e a pobreza de um restaurante denominado popular.

Aí é falta de conhecimento total e nem precisava ir tão longe. Se não quisesse ir em Alfenas para ver como são servidas 600 refeições/dia, poderia ir ali na FESP, em que pese ser voltado mais para universitários, para entender como a proposta é boa e importante para toda a cidade.

Na reunião de ontem ventilou-se que donos de restaurantes estão se mobilizando porque temem a concorrência. Podem até ter certa dose de razão. Nesse caso, o importante é estabelecer normas de fornecimento. Priorizar o trabalhador do setor de confecção, garantindo a ele o acesso prioritário às refeições, que pode eliminar a marmita, se a refeição girar em torno de R$4,00, no lugar de R$8,00 como se vê hoje na maioria dos self service que existem na cidade.

Ademais, o restaurante popular seria um sinalizador de preços para o mercado, garantindo maior estabilidade de preços e mais clientes para os particulares.

Assim, uma coisa é a discussão em torno do local. Outra é a discussão tola se o restaurante deveria existir ou não. É claro que sim. Os trabalhadores da Avenida da Moda iriam agradecer e a cidade poderia dar uma demonstração de respeito a quem produz uma de suas maiores riquezas, a moda, ofertando comida de primeira, balanceada, que cabe no bolso dessas pessoas.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Alaridos pós eleição

Passada a eleição, quando Passos e região logrou êxito em eleger Cássio Soares a deputado estadual, além de uma votação histórica dada a Renato Andrade para deputado federal, o que mais se ouve são os rumores pós eleição. As conversas giram em torno de quem venceu e quem perdeu. Quem pode estar enterrado para sempre e quem emerge das urnas como vitorioso.

Claro que no caso dos que foram atropelados pelo desastre eleitoral estão os candidatos que perderam, mas tem os aliados, para quem sobra estilhaços lançados ao vento. É o caso do prefeito José Hernani, que vive um momento difícil da administração, a quem se atribui uma parcela de responsabilidade pelo fraco desempenho de Alexandre Maia nas urnas.

Mas não é diferente com Ataíde Vilela. Ele puxou votos para Tuta, não dá, porém, para dizer que a boa votação de Dr José Orlando se deva exclusivamente a ação do ex-prefeito em favor dele.

A contra prova está na baixa votação de Nárcio Rodrigues, que contou também com o apoio de Fábio Kallas, que se perpetua, se quiser, na direção da FESP. Em todo caso, não é isto que vai ocorrer. Em breve o PSDB cai de vez nas mãos de Fábio e Ataíde terá que buscar novos braços partidários para manter sua candidatura ao próximo pleito a prefeito de pé.

No frigir dos ovos, Ataíde Vilela mais perdeu do que ganhou nessa eleição. Não quis se envolver diretamente e viu Renato Andrade aparecer como nome forte para a próxima eleição.

Não logrou êxito no apoio a Tuta e viu Nelson Maia sair sorridente na foto ao lado de Cássio Soares. Não se preservou e tem Taquinho como provável candidato no viés que o eleitorado deseja: ousado e com ficha limpa.

De resto ainda tem os que carregaram nos ombros os candidatos de fora. A esses é necessário que os eleitos, que levaram votos daqui em qualquer quantidade, mostrem que desejam mesmo fazer algo por Passos e região, senão sofrerão as conseqüências na própria pele em 2012.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A REGIÃO GANHOU!

Mais um texto, este publicado no diário local, que passo aos leitores desse blog, ainda como forma de compartilhar análise do último pleito, neste caso avaliando o contexto local e regional. O texto é de autoria de Davi de Oliveira. Confiram.
"Faz tempo que Passos e região lutavam para recuperar a representatividade política na Assembléia Legislativa. São cerca de 20 anos que não se elege nem deputado estadual e nem federal. Nesse pleito logrou-se o êxito de ver Cássio Soares eleito deputado estadual.

É uma história, porém, que começa bem antes desse pleito, quando cada personagem que dela participou teve seu quinhão de responsabilidade e cumpriu, por isto, um determinado papel.

Alexandre Maia, pelo pouco tempo que exerceu o mandato de deputado federal, demonstrou a importância de se ter esta representação recuperada. Afinal em oito meses conseguiu carrear recursos que proporcionaram um dos maiores progressos na área de saúde que a região podia obter, que foram os recursos necessários para os equipamentos do Hospital Regional do Câncer.
Independente de qualquer outra análise, só por esta ação ele merece o respeito dos cidadãos deste sudoeste de Minas.

Dr José Orlando Tuta, pelo seu perfil de médico e pela sua ação pronta em atender quem dele precisa, mostra que há espaço para todos que querem fazer da vida pública uma forma de melhorar e curar os males da sociedade como muito bem ele apregoou. A votação que teve deixa claro que Passos e Região podem ter mais de um representante na Assembléia Legislativa. É esta sinalização positiva que faz dele uma referência para um futuro nem tão distante assim, que é pleito daqui a quatro anos. Ou quem sabe na substituição eventual do titular, ainda na legislatura que se inicia no próximo ano.

A grande votação de Renato Andrade, aí como candidato a deputado federal, evidencia que a eleição para a Câmara Federal é uma possibilidade viável. Nem a presença de um grande número de candidato de fora, chegou a abalar a convicção do eleitorado passense, principalmente, em consagrar seu nome nas urnas. Se faltou alguma coisa para que ele se elegesse foi a região ter a mesma certeza que Passos teve em depositar seu nome na urna eleitoral. Mas ele também deixa o exemplo de que é possível eleger deputados estaduais (pelo menos dois) e um deputado federal.

Enfim, ninguém participou dessa eleição em vão. E os motivos somados levaram à eleição de Cássio Soares, de quem os eleitores esperam dinamismo, capacidade de compreender as necessidades das pessoas e força para representar bem Passos e região, dentro da expectativa do novo, de mudança e de renovação na política.

A ele desejamos toda sorte do mundo e que trabalhe por velhos anseios regionais, como a estadualização da FESP, a aceleração da obras da MG-050, ação em prol da exploração sustentável de nossas riquezas minerais, desenvolvimento do turismo, estímulo à geração de empregos e renda, com apoio aos pólos confeccionistas e moveleiros, implantação do hospital público regional, implantação de mais unidades de saúde em toda região e recursos financeiros para especialidades na área de saúde.

Temos certeza que Cássio Soares saberá trilhar o caminho para ter êxito nesta empreitada, ainda mais sendo da base de apoio de governo Anastasia. Há estrada pavimentada. Basta saber trafegar por ela e disto não temos dúvida que ele sabe. De nossa parte fica o apoio que precisar.

Boa Sorte e que Deus lhe ajude na tarefa de bem servir Passos e região.
Davi de Oliveira - Presidente do SINDCOM/ISEPEM

Com medo e sem esperança

Acompanhem a reflexão do jornalista Petrônio de Souza, vale a pena. É daquels artigos que temos a vontade de ter sido de nossa autoria.
"De que vale nossa combalida democracia se, por onde se olha, o eleitor votou no candidato mesmo pior? Não podemos declarar que votamos para ganhar, mas sim, para perder menos. Não comemoramos vitórias, mas a derrota de nossos anseios mais primários. Tudo, mantendo e consolidando o status quo pré-determinado. E o pior, com o silêncio aprovador de cada um de nós. No Brasil inteiro foi isso, o povo marchou para as urnas sem motivação alguma.
Fez-se luto nos corações brasileiros. Os resultados agora estão aí, e os colhemos nas sarjetas de nossas desilusões, papéis picados e jogados nas ruas de nossas esperanças como parte de um grande sonho nacional, triturado por nossas repetidas desilusões. As renovações; nenhuma.Tudo engessado por um processo eleitoral caro e excludente. As campanhas, com suas providenciais restrições, distanciam o eleitor do processo, tornando-a fria, sem causar comoção alguma.
Isso tudo torna, cada vez mais, difícil a imersão de um novo nome, de uma nova liderança. Do voto ideológico, restou apenas o religioso, pois todos os outros ficaram com medo, sem nenhuma esperança. Nas assembléias e governos, os cargos indicados pelos maiorais, a extensão dos gabinetes e mandatos daqueles que podem tudo, ou quase tudo. Isso, há bem pouco tempo, tinha outro nome.Agora, está tudo como sempre foi nesta terra sem Abrantes.
Dos políticos que respondem a processos ou aguardam julgamentos, amplamente expostos pelas instituições cidadãs, muitos foram reeleitos, obtendo, por força do voto, do consentimento do povo, todas as benesses, privilégios e imunidades de um novo mandato.
Assim, não se constrói uma Nação, mas se destrói um sentido de povo.A nossa decepção e a nossa reprovação não vão além dos votos brancos, nulos e abstenções, cada vez mais incorporados às votações não como forma de protesto, mas como votos perdidos no tempo e espaço, anacrônicos, destoados do processo, sem nenhuma outra razão de ser. O que deveria servir de alerta, foi sugado pela banalidade do voto, aquele que serve apenas para ratificar o que já foi acordado, dizendo ao brasileiro que hoje vivemos sobre outros cabrestos...E assim vamos nós, elegendo nossos fantasmas, nossos algozes, tendo como última esperança a de perder menos pelos próximos quatro anos.
Pesquisas
Em um país sério, a farra e a bandalheira das pesquisas e seus institutos já seriam denunciadas e abolidas do processo eleitoral. Faço das palavras do jornalista Sebastião Nery as minhas, enquanto os institutos de pesquisa armam uma nova e rentavel jogada: "Como o Ibope é sócio da Globo, a palavra do Ibope, Datafolha, Clesio sem Senso e até do ridículo Vox Populi é mais sagrada do que a de Bento 16 para a Igreja Católica. Tomaram dinheiro de governos e candidatos oficiais e, com a conivência da Justiça Eleitoral, acabaram com os comícios e fizeram uma aliança entre as “pesquisas” e as TVs, revistas e grandes jornais.
Os comícios eram as“pesquisas” nas televisões toda noite e de manhã nos jornais.Dilma já estava eleita e a apuração confirmaria tudo. Os números oficiais começaram a aparecer e eles se abobalharam, porque as “pesquisas” se desmoralizaram.
Quando a “Boca de Urna” saiu, a apuração oficial perto da metade e o Ibope e eles jurando que Dilma passaria dos 51%. E ela logo encroou nos 46%. Como nos tempos de Etelvino e dos velhos coroneis, eles mandavam “esperar a Zona da Mata” e a “água do monte”. E veio o 2º turno".
Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Olhar para o futuro

Depois das eleições em que Passos e região lograram êxito em eleger um deputado estadual, é preciso fazer o rescaldo dos resultados e, em cima disso, ter um olhar para o futuro. Na condição em que ocupei na eleição, exercendo papel na campanha de Alexandre Maia, não me sinto em condição de fazer qualquer análise sobre o que ocorreu no pleito e que teve como resultado o que de todos é conhecido.

Eleição é uma disputa que ocorre dentro de uma conjuntura. É um fenônemo psicossocial. Os elementos que levam o eleitor a definir seu voto são muitos. Leva quem, naquele momento, estiver mais de acordo com o pensamento médio dos que vão votar. Em pesquisa feita no fim do ano passado, constatamos que o eleitorado traçava o seguinte perfil: dinamismo, trabalhador, e comprometido com os anseios regionais, como universidade pública, emprego e saúde. Além disso, observava quem tinha carisma e a decisão de não votar em quem considerasse com alguma mancha na sua trajetória pública. Em algum momento, quem teve realização na atividade política, se sobressaiu. Quando chegou outro momento, com a campanha ganhando cores municipais, como se a prefeitura fosse o objetivo do pleito, o personagem que se destacou foi outro. Ao final, venceu quem pareceu ao eleitorado menos comprometido com o passado, qualquer que fosse este passado, e que pudesse representar um novo anseio para o futuro.

Não é o caso de se achar que o vitorioso soterrou os outros. É bom lembrar que José Hernani teve um desempenho fraco na eleição para deputado em 2006 e dois anos depois ganhou a prefeitura.

Capital político não se mede apenas pela quantidade de votos, mas pela persistência de permanecer na lida, como bem demonstra o caso de Lula.

Mas agora, é preciso ter fé que Cássio Soares, o vencedor, não fique apenas com as batatas, mas seja capaz de trabalhar no rumo dos anseios da comunidade regional.

Já faz tempo que a região luta pela instalação de uma universidade pública em Passos, que serviria a todos. É uma proposta defendida na eleição inclusive por Cássio, mas para ele esta tarefa será muito difícil dado o grau de envolvimento dos próceres daquela instituição em sua campanha.

Trabalhar pela aceleração das obras da MG-050 entra na mesma dinâmica, já que ele é da base de sustentação do governo Anastasia. E quanto a geração de emprego pouco se ouviu de propostas nessa eleição e não apenas de Cássio, mas de todos.

Mas Cássio Soares sabe que nesse momento carrega a esperança de muita gente, que acredita que ter alguém representando a região na Assembléia Legislativa é a panacéia para todos estes anos de baixa estima. Deve saber também que isto não é verdade. A capacidade de mobilizar e aglutinar é que fará a diferença entre termos um deputado capaz de elevar a auto-estima de Passos ou de tornar-se mais um fracasso como foram Márcio Maia e Cóssimo de Freitas, personagens intocáveis do ponto de vista da honradez e dos compromissos com a ética, mas que não souberam transformar seus mandatos no escoadouro natural das expectativas da comunidade regional.

Evidente que torcemos pelo melhor. Ah...tem Renato Andrade....que será objeto do nosso próximo texto.