terça-feira, 30 de junho de 2009

Em recesso

O legislativo passense entra em recesso. Reuniões, agora, só em 03 de agosto. Mas não é só aqui, No Brasil todas vão para o “merecido” descanso de meio de ano. Um privilégio que outros trabalhadores não têm.

O Congresso Nacional também. E junto vai um senado quase a nocaute. É a política no Brasil, onde a condição cultural do povo faz com que um político, quando se aboleta no poder, esquecer origens, compromissos, propostas e transformar um mandato num balcão de negócios.

O sentido usado aqui é amplo. Nem sempre balcão de negócios quer dizer troca de favores, negociatas, corrupção. Ocorre também em razão das pequenas traições, aos tropeços nos princípios, pela defesa do eleitoreiro no lugar de políticas que signifiquem avanços verdadeiros na qualidade de vida, no status político e na democratização das instituições e no fortalecimento da cidadania.

O senado não serve de base. Aquilo está caindo de podre. Se alguém quiser dar algum exemplo partindo daquela casa, deve defender a reforma (atenção: pôr ao chão primeiro) total da casa, desde o modus operandi até escancarar com completo denodo tudo o que ali existe.

Mas serve de base o último episódio da Câmara Municipal de Passos, quando ao apagar das luzes deste primeiro semestre, em que o saldo de atuação dos vereadores pode ser considerado positivo, aprovou o projeto que cria cargos de vice-diretor nas escolas municipais.

Deixando de lado a necessidade deste cargo, muita pequena, já que as escolas viveram até hoje sem ele e nem por isso perderam eficiência, a edilidade deixou passar batida uma grande oportunidade de debater a estrutura operacional das escolas passenses e de fazer avançar a participação da comunidade na vida institucional das mesmas.

Temas como vida administrativa longe da ingerência política, com as escolas mesmos escolhendo direção e vice e, ganhando com isso a própria comunidade que estaria se aparelhando para discutir e definir prioridades e políticas educacionais.

Ao fim, tudo se resumiu a canetada do poder executivo e a complacência do legislativo dizendo amém.

Ah, antes que digam que estamos apenas jogando pedras: o resultado poderia até se desembocar na aprovação do projeto proposto, mas se o debate tivesse acontecido, com certeza, o projeto original poderia ter sido muito melhorado. Assim, na hora de entrar em recesso, os vereadores perderam a oportunidade de praticar o melhor exercício do parlamento: o debate em torno de temas que interessa a comunidade.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Queimando as mãos

“Não vemos fila no ambulatório odontológico”. Esta foi a resposta principal que o secretário de saúde deu aos repórteres que acompanhavam sua explanação perante a Comissão Municipal de Saúde, na última terça-feira, quando indagado sobre o material odontológico para a constituição do CEO – Centro de Especialidade Odontológicas, amparado com recursos do SUS, que foi entregue ao município no fim do ano passado.

De certo falou sem pensar. O material que está encostado em algum depósito da prefeitura há mais de seis meses, e que urge ser mostrado para a população, tem um propósito bem mais avançado do que simplesmente ser um consultório odontológico.

A proposta do Ministério da Saúde é que tais centros especializados realizem, no mínimo, diagnóstico bucal, com ênfase na identificação do câncer na boca; periodontia; cirurgia oral menor dos tecidos moles e duros; endodontia (tratamento de canal) e atendimento a portadores de necessidades especiais. Tem, portanto, o caráter de dar qualidade ao tratamento dentário e não apenas o papel curativo e de eliminação da dor, via extração do dente, como usualmente se faz no serviço público.

Dr Cleiton não deve saber disso para dar a resposta que deu. Ou se sabe concorda com a prática. Ele está correto em determinar como prioridade o funcionamento do novo Pronto Socorro e a realização de cirurgia eletivas. Mas está totalmente errado ao não dar atenção ao CEO.

Neste caso, não se trata de dinheiro a ser gasto, mas de implantar o que a cidade já tem à sua disposição, inclusive com recursos para contratação de profissionais dentistas. É bem mais em conta do que, por exemplo, implantar o SAMU, que vai custar aos cofres públicos municipais algo em torno de R$100 mil/mês.

O Secretário de Saúde não tem o direito de dedicar este descaso à coisa pública e política pública para o caso de uma cidade não pode ser segmentada. É necessário que haja um planejamento e que em cada área exista metas bem definidas para atender a demanda geral.

Agora mesmo, com a desculpa de implantar a ostomia regional, o secretário nem corou ao “tomar emprestados” equipamentos do novo Pronto Socorro. Para a saúde pública é necessário bem mais do que voluntarismo.

É fundamental visão holística. E saber que o povo não tem direito apenas ao tratamento emergencial, mas também de receber tratamento, por exemplo, odontológico digno, que livre a população de ser desdentada, mas que possa ostentar a estética que hoje só os endinheirados pode ter.

O governo federal, ao instituir os CEOs, caminha nesse rumo. Já o Secretário de Saúde de Passos, o médico Cleiton Piotto, ao não dar a devida importância ao assunto, caminha no sentido contrário, rumo ao atraso, como de resto, parece caminhar a atual administração como um todo.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Falta agilidade

A vontade é de comentar aqui a morte de Michael Jackson. Um ícone da música pop. Um homem com qualidade artística, mas que deixou a imagem de muita falha de caráter, dado os inúmeros processos que enfrentou e, em razão de que quase foi a falência e olha que falir no caso dele é uma coisa extremamente difícil, dada a fortuna que acumulou.

O desejo é tecer comentário sobre a seleção de Dunga que quase ficou petrificada diante da seleção Sul Africana. O time brasileiro jogou frio, além de estar mesmo frio literalmente, e encontrou uma seleção que colocou fogo num jogo onde não era favorito.

O lá de cima achou que duas zebras numa final dos melhores times do mundo ia parecer marmelada e colaborou com o Brasil, permitindo que a seleção se livrasse do sufoco no último minuto.

Era isso.

Aqui, no Brasil, o senado e senadores se desnudam e o que era secreto vem a público num festival de “vantagens” e nomeação espúrias. É o povo brasileiro experimentando o exercício da democracia. E ainda tem muita coisa ficando encoberta na poeira.

Tinha intenção de parar por aí. Mas não dá.

O senso de responsabilidade jornalística nos obriga a tocar no assunto.

Falo do município de Passos que mais parece uma nau sem rumo. Agora mesmo, o diretor de Cultura, Maércio Antonio de Oliveira, deixou o cargo, dizendo que a prefeitura não tem agilidade e viu, na sua exoneração, o dedo de Fábio Kallas, já que o diretor solicitava de volta o acervo cultural da FESP e a devolução do dinheiro de um livro sobre os 150 anos de Passos, que teria que ser entregue em 31 de dezembro de 2008, mas não foi até agora.

Na outra ponta tem a história do novo Pronto Socorro. Depois de seis meses, o prefeito Hernani vem a público se vangloriar de que a inauguração foi politicagem – ele disse que foi um ato eleitoreiro - e que só em março a obra foi considerada finalizada.

Puro papo furado. Até dá para concordar que a inauguração em dezembro de 2008 foi um ato político, mas não eleitoreiro, já que a eleição já tinha acontecido e o eleito o próprio Hernani. Foi um ato político para marcar que fez a obra, algo que nem fosse necessário, mas, enfim, isso em nada impediu que a administração pudesse ter tomado providências desde janeiro deste ano.

Deixou rolar, na esperança de que o desgaste recaísse no antecessor. Aconteceu ao contrário. E agora correm atrás para colocar em funcionamento o novo Pronto Socorro.

Que acompanha o Correio dos Lagos On Line sabe como se desenrola esta história. E as decisões tomadas são mesmo da forma que aponta Maércio: lentas, muitas lentas e quem preço é a população.

Ah, Maércio começou a cair quando defendeu a construção de um novo Teatro no lugar de recuperar o antigo (Teatro Rotary). A justificativa para a fritura do engajado diretor de cultura: numa época de crise, em que falta recurso para tudo, querer construir um teatro novo é demais.

Então se demite quem incomoda a gestão e atende-se a outro que cada vez mais se assanha como Rasputin local.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Se mexendo

Os solavancos que a administração municipal tem levado nos últimos dias no que se refere à saúde parece que a tem tirado da letargia.
O anúncio da implantação de mais cinco equipes do PSFs e do Plano Diretor de Atenção Básica à Saúde são sinais e uma demonstração de preocupação.

O manifesto compromisso do secretário da saúde, o médico Cleiton Piotto, de colocar em funcionamento o novo Pronto Socorro até o fim de julho também é outra notícia que sinaliza no mesmo rumo.

Mas o grave da saúde ainda está para ser resolvido: como melhorar o atendimento e contratar mais médicos, porque não dá para aceitar a singela desculpa do secretário, quando, na reunião com a Comissão da Saúde da Câmara, disse que não puniria ninguém porque senão ficava sem gente para atender as pessoas.

Gerenciar é bem mais que boa intenção. E isto ainda falta acontecer na atual gestão.
Oportunismo

Jefinho e Dentinho usaram muito bem a palavra na última sessão da Câmara. Os dois frisaram suas críticas a secretaria de assistência social, que tem um titular, Auro Maia, bom de marketing, mas de poucas ações eficazes. Vide, apenas para ficar num exemplo, o corte de energia do Conselho Tutelar.

Jefinho arrematou com uma crítica veemente à presença do deputado federal Nárcio Rodrigues totalmente procedente. Ao lado de Fábio Kallas, que parece dirigir a FESP como quintal de sua casa, esse deputado visita Passos de vez em quando e leva o melhor para a sua terra(Frutal).

De Passos, como disse Jefinho, só quer os votos. Puro oportunismo.

sábado, 20 de junho de 2009

Campanha necessária

Era para não falar mais do assunto. A saúde em Passos anda caótica. E quando a gente volta muito ao tema a impressão que se tem é que falta assunto ou que temos uma rixa particular com alguém que ocupa cargo de direção naquele setor ou segmento.


Começo por esclarecer que não é nada disso. Não conheço ninguém que ocupe função de direção na área de saúde na atual administração. Já tive contatados ocasionais com o secretário de saúde, Dr Cleiton Pioto e, por eventualidade e necessidade de atenção à saúde, fui atendido emergencialmente pelo cardiologista José Milton que, naquele dia por sinal, assumia a condição de diretor do PS.


Mas diante do que falou aos microfones da rádio Passos, AM, o médico Jobel Caetano de Morais, servidor há mais de dez anos no Pronto Socorro, afirmando com todas as letras que o diretor nomeado é, na prática, relapso no atendimento que faz aos pacientes, não é possível deixar passar batido tal situação.


Só para deixar o nosso leitor melhor informado, o diretor foi uma das razões do grande tumulto ocorrido naquele local de atendimento de urgência, conforme denuncia do seu colega Jobel, porque chegara atrasado cerca de uma hora.


Então, quer dizer que o problema da saúde em Passos está no novo diretor do Pronto Socorro? Claro que não. A linha de raciocínio usada serve para mostrar o quanto o gerenciamento da saúde na cidade anda precário. Por extensão do ato da nomeação, são relapsos todos os responsáveis pela gestão da saúde do município. É certo, que novo diretor José Milton tem direito a defesa, o que até agora não o fez, mas o ato de sua nomeação ilustra o pouco respeito com que se trata o setor no município.


Começa pelo tempo que o secretário da saúde dedica ao serviço. Metade do dia, que começa por volta das 10:00h e termina 13:00h. Depois ele só é encontrado no seu consultório, quando nunca pode atender a impressa, por exemplo.


Numa cidade que tem 110 mil habitantes, 17 PSFS, 08 ambulatórios, 02 CAPS, um hospital público do porte da Santa Casa, uma dezena de laboratórios para exames clínicos, o secretário de saúde não se pode dar ao luxo de ser um mero avaliador de documentos, exercendo uma função burocrática, trabalhando apenas meio expediente.


Ele é o fiador e – ainda mais – o responsável pela implementação das políticas públicas para o setor. Conta em seu favor o pouco tempo da gestão Hernani. Seria o caso de dizer que ainda não deu tempo de fazer as coisas entrarem nos eixos, mas as atitudes tomadas até agora sinalizam para o rumo de um retrocesso sem precedentes.


Ao sair, a ex-diretora do Pronto Socorro, Dra Virna Grintacci, foi a única que apontou o caminho das pedras: “está se contratando administradores para gerir aqui”, disse referindo ao local que até então dirigia.


A profissionalização do setor é o caminho a ser seguido. Mas antes disso, a Comissão de Saúde da Câmara tem uma árdua tarefa: investigar as razões do caos. Não basta chamar os responsáveis, ouvi-los e despacha-los de volta para as suas funções.


É necessário que se faça um raio x de tudo e em todas as áreas do setor. Que o trabalho seja feito acompanhado por auditores, com responsabilidade de se fazer uma avaliação séria, para apontar caminhos e soluções para a grave situação do setor da saúde, que é hoje muito grave, talvez pela inércia do prefeito que, embora médico, não tem se mostrado competente para tratar da questão.


A Comissão de Saúde pode, por isso, contribuir e muito, se não deixar se levar pelo fácil caminho dos discursos acusatórios, para que o atendimento na saúde seja melhorado em favor da população. Afinal, é isto que a população espera e é isto que o poder público lhe deve.


É por isso que tenho sido persistente em insistir no tema. Acabar com esta inércia é uma necessidade e para que isso aconteça vale uma campanha, que vou continuar fazendo até que as coisas entrem nos eixos.



Não importa que soe como voz no deserto. Será sempre um som em favor daqueles que hoje mofam na espera de um atendimento que demora, quando pouco, pelo menos duas horas e que, não raro, às vezes, têm que esperar até quatro horas.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O direito à profissão

Transcrevo aqui, para não amofinar as pessoas com um tema que tem sido objeto de nossas análises: a precária situação da saúde em Passos, que vem se acentuando por incompetências de gestores e da incapacidade do prefeito José Hernani, um médico, de estabelecer uma política pública séria, em benefício da população. Como este caos vai continuar por algum tempo, voltarei ao tema. Hoje, vamos ler juntos o texto de Gerson Siqueira, um companheiro na trincheira do direito do exercício da profissão de jornalista, sem a obrigaroriedade do diploma. Ei-lo:

"Terminou no último dia 17 de Junho uma guerra que vinha se alastrandodesde 2001. Os jornalistas não-diplomados venceram pela ùltima (ederradeira vez) porque no comando do seu desaparelhado exército estavao Senhor da Igreja. Mais de 16 mil colegas sem Curso Superior viramsua dignidade ser restaurada pelas mãos de oito ministros do STF. Nóssentimos felizes (e dignificados) por que esta entidade esteve afrente de todas as batalhas (Veja matérias publicadas na Revista daImprensa, Portal da Imprensa e OI, do Alberto Dines).

Pedimos licença para lembrar aqui (não a título de ódio ou rancor,medíocres sentimentos que não devem fazer parte da vida de nenhum serhumano) alguns comportamentos que nortearam a luta da Fenaj durantetoda essa pendenga jurídica. Contaminados pela fúria inexplicável dopresidente (e colega?) Sérgio Murilo, os sindicatos de todo o Brasildesfecharam verdadeira "caça às bruxas" que bem lembra os áureostempos da Inquisição.

Desde 2001, temos sido brindados com os mais variados adjetivos:"bando de párias", "mercenários", "jornalistas de segunda linha" e atémesmo "pobres autodidatas", como fez questão de nos chamar um colegado RS (não mencionaremos o nome por questão de ética).

Para encerrar, basta apenas lembrarmos que os maiores jornalistas doBrasil não fizeram Curso de Jornalismo. Por acaso são burros BórisCasoy, Ricardo Kotscho, Barbosa Lima Sobrinho, Salete Lemos, DanusaLeão e tantos outros? Apesar das evidências e da decadência do ensinonas faculdades brasileiras (verdadeiras indústrias de fabricardinheiro) a Fenaj insiste na sua luta para manter a Ilha da Fantasia.Diploma no Brasil sempre foi e continua sendo sinônimo de status quo.A maioria dos que se formaram nem exerce a profissão. Os diplomascontinuam pendurados na parede para exibição pessoal e alegria dosfamiliares e amigos.

Se a Fenaj agisse de forma coerente e responsável e, acima de tudo,com respeito pelos 16 mil jornalistas não-diplomados que dependem doseu trabalho para sustento da família seria até merecedora de crédito.Mas a sua sanha não tem limites. Ela envergonharia em tempos passadosaté mesmo Átila, o Rei dos Hunos. É preconceituosa, desumana e feitacom a espada da
violência.

A Fenaj perdeu porque do nosso lado esteve acampado um anjo do Senhor.A Fenaj perdeu porque usou da espada. Ela traz prejuízos e no final amorte para quem a empunha. Obrigado a todos os diplomados que têm tidoa sensibilidade e o equilíbrio para entender a nossa luta.
Gerson Siqueira"

"Embainha a tua espada, pois todos que lançarem mão da espada, àespada perecerão". Mt. 26:52

quarta-feira, 17 de junho de 2009

A crise é endêmica

Pude constatar. Agora há pouco -não mais que quatro horas (São 22:00h)- tive que ir ao Pronto Socorro. Sentia dores no peito. Infartado e safenado suspeitei de algo mais sério. Corri ao socorro. Quem precisa de socorro é, na verdade, o próprio Pronto Socorro, foi a constatação.

Mas, como dizia, corri atrás de socorro. Relatei o fato à atendente. Chamada a enfermeira responsável fui colocado para dentro em menos de cinco minutos. Eram quase seis horas da tarde. Depois de trocado de fila, medida a pressão, chegou o momento de falar com o doutor.

Ai chegou a hora da fila. Neste momento o olhar do paciente cedeu lugar ao do repórter. Anônimo entre tantos, ouve-se ali: “estou aqui desde a uma da tarde”, reclama a senhora. “Ih, isto não é nada, teve gente que chegou às onze da manhã e acabou de sair agora”, diz outra.

Do lado, num dos quartos que ficam em frente aos consultórios, uma senhora grita, chama o médico, apela para os enfermeiros, parentes e amigos tentam acalmá-la. Em vão...a dor ...ou seja lá o que for...traz a inquietação e não há remédio que cure...

O corredor é o próprio muro das lamentações. A senhora chega jorrando sangue pelo nariz. “Não pára”, informa uma moça que parece ser filha. “Melhorou?”, pergunto. Me detenho na observação....penso numa forma de ser solidário...não me escapa um jeito melhor: “Melhorou?” Volto a indagar. A resposta vem acompanhada de um leve esboço de sorriso. “Tá parando”.

O médico me atende. Esperei apenas uma hora. Pouco, diante das idas e vindas de macas, carregando pessoas para lá e para cá. Algumas têm que esperar no corredor.

A enfermeira toma providência. “Este senhor não pode ficar aqui na maca no corredor não. Vamos levar ele para o quarto”. Chama um auxiliar. Andam um pouco pelo corredor. Cadê o quarto vazio? Ainda não tem. Então, deixa ele mais um pouquinho no corredor.

A moça reclama. “Fiz uma raspagem, to sentindo muita dor...vou no postinho e o médico não pode atender....tem um ginecologista só....então tive que vir aqui”. Faz tempo que está aqui? “Muito tempo”, diz ela.

De repente avisto uma pessoa amiga. Quer saber o que faço ali. Ela informa ao médico que sofri um infarto dentro do PS. Aguardo a minha vez, o caráter de urgência por se tratar da suspeita de um problema no coração me coloca na frente de outros. Me sinto constrangido. Digo ao meu médico que se não for a minha vez, espero. Ela mostra meu lugar na fila. Era minha vez.

Cardiologista ele indica um eletro. Mudo de fila. Sozinho na porta do local do exame, aguardo. A dor no peito traz desconforto. Está chegando a temível hora da troca do plantão.

Dá tempo de ficar sabendo que o dia foi muito agitado. Houve confusão. “Uma rádio teve aqui”, diz uma mulher. ““O médico deixou o plantão e foi embora”, completa a outra. Nisso uma enfermeira me diz: “já vou fazer o exame”. Me resigno a esperar.

Entra porta adentro uma outra pessoa conhecida. Me pergunta o que tenho. Relato. Mas o que me incomoda é a perda total do meu anonimato. Daí pra frente as coisas fluem. O eletro é feito. O médico me atende com atenção. Me indica um remédio para a dor. Saio com a sensação de que fui respeitado nos meus direitos.

Na porta do consultório encontro de novo com o doutor, meu conhecido das lidas políticas, já estivemos do mesmo lado. Ele veio a ser até secretário de saúde. Eu apoeie um projeto político, mesmo sem cargo. O eleitorado não aprovou o projeto que eu considerava interessante. Mesmo assim permaneci nele. O meu conhecido mudou de lado e ganhou a eleição.

“Não é porque somos de partido diferente que não vamos tratá-lo bem”, disse-me. “Sei disso”, falei e pensei, mas não revelei. “Só faltava isso acontecer”. Ele torna. “Temos todos que trabalhar pela saúde....ela anda meio”, faz um gesto que explica que a saúde não vai bem.

Assim que ele vira as costas uma senhora comenta na mais pura sinceridade: “será que não tem vergonha de dizer isso? Melhorar a saúde?”. E deita falação. Reclama do atendimentos nos postinhos. Diz que as fichas são poucas. Que precisa ir de madrugada para a fila senão não consegue consultas...e...e..por aí vai.

Todo mundo sabe que a crise da saúde acontece no País inteiro. É, de verdade, endêmica. Mas em Passos, o que falta é competência para gerencia-la. Pude observar que há profissionais atenciosos, que trabalham com zelo. O que não vi foi a presença da direção, dos que comandam, que tem que estar por perto.

Desde jeito, com esta falta de compromisso com a população, não há remédio que mude este rumo.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A fala do doutor

O Dr. Cleiton Piotto esteve na rádio Passos, depois de se negar a falar com reportagem do Correio dos Lagos On Line (www.correiodoslagos.com.br). Ele é, como todos sabem, secretário de saúde do município de Passos. Foi à emissora a propósito de uma confusão no Pronto Socorro velho, quando pacientes esperavam para serem atendidos, alguns, uma grande parte, por mais de duas horas.

Não era só uma questão de rotina, porque dois médicos não compareceram ao plantão do dia.

Não era mesmo um problema de rotina, porque, segundo as palavras do próprio secretário, ele teve dificuldades de falar com ela, exatamente na noite em que o PS viveu um momento de grande tensão e de muito tumulto.

Natural para o doutor. Nem tanto para quem tem que usar o serviço e bate com a cara na porta do lugar onde seria natural ser bem atendido, merecedor de todo o respeito que um servidor público deve dedicar aos que lhes pagam o salário.

Não que não haja servidores que tratem bem as pessoas. É claro que eles existem e, com certeza, pode-se dizer que são a maioria. Mas o caso é de outro tipo de servidor que estamos mencionando.

Trata-se daqueles escolhidos pelo eleito para serem suas pessoas de confiança. Aqueles que têm a responsabilidade de colocar em práticas as políticas públicas para o setor que recebeu o encargo de dirigir.

É o caso do Dr. Cleiton. O seu colega de profissão, o médico Hernani, prefeito da cidade, propôs resolver os graves problemas de saúde do município, que ele enxergava estar um caos, com grande dose de razão, mas que agora anda tropeçando nos próprios pés, ao encarar a situação com grande dose de revanchismo, praticando a velha política que renega tudo que o adversário tenha feito, pelo simples fato de ter sido o seu contendor que executou o serviço.

O secretário de saúde não precisou data do funcionamento do novo Pronto Socorro e disse que a inauguração do prédio tinha sido precipitada. Isto depois de seis de governo, e de um secretário da área ter pedido o boné e ido para a casa e, também de necessitar de R$80 mil para concluir o que falta.

É muito balela...e tem gente que acha que ele se saiu bem nas respostas que deu. Ledo engano. Enquanto a secretaria continuar acéfala em grande parte do dia e não tiver a presença de quem implementa as políticas, a saúde em Passos só tem um caminho para seguir, o do caos.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Para jogar a toalha

A enquete do Correio dos Lagos On Line, que geralmente fica à disposição dos internautas por pelo menos quinze dias, desta vez teve que ser trocada de forma urgente. Acontece que a pergunta era se a prefeitura conseguiria inaugurar o novo Pronto Socorro em junho, como havia se comprometido o Secretário de Saúde, assim que assumiu. A descrença dos que responderam a enquete (100% disseram que ele não entraria em funcionamento neste mês), foi confirmada pelo próprio Dr Claiton Piotto: Novo PS só em julho, disse através de sua assessoria, já que não quis falar do assunto.

Este é um episódio até menor, se for para analisar como a saúde está sendo gerenciada. Parece que juntou a fome com a vontade de comer. Dois médicos, o prefeito e o secretário, não conseguem pensar a saúde dentro de suas limitações orçamentárias e, diante da excessiva demanda, não atuam com a ênfase necessária e nem tratam a área como prioridade.

Não são casos isolados. São casos que nascem do descaso do poder público com a população, que bate as portas dos equipamentos que lhes colocam como aparato para ser atendida.

São programas extintos (nem vamos mencionar nomes para não sermos repetitivos), são pessoas contratadas para, ao que se deixa denotar, atender a clientela de cabos eleitorais, que não tem o que fazer, não porque não queiram, mas porque não são profissionais da área. É o inchaço que comprova a infecção profunda do sistema e os dois médicos não conseguem diagnosticar o problema, portanto fica tudo sem solução, esperando melhores dias, que a arrecadação melhore, que o ICMS e o FPM voltem a patamares anteriores.

Não vão voltar. O Brasil está em recessão e isto não se supera em poucos meses. O jeito de superar isto é trabalhar muito. Dedicar à causa pública com afinco. Esquecer os consultórios. Abandonar a clientela e agir com denodo em favor do povo.

O prefeito José Hernani tem esta obrigação. Ele foi eleito, exerce o mandato com delegação popular e com a responsabilidade de resolver o problema da saúde, apontando, com grande dose de razão, o dedo na ferida aberta da saúde da antiga administração e, por causa disso, dizia que tinha a panacéia para resolver todos os problemas da área.

Isto não existe. Nós sabemos e José Hernani também sabe. Mas bem que o povo gostaria de vê-lo “agarrado” no serviço, chegando cedo e saindo tarde, procurando soluções de verdade para os problemas da saúde. Não há quem não saiba que as soluções são difíceis, mas, por certo, a população sabe entender o esforço. No lugar disso, o prefeito, a La Kassab, manda um eleitor “cagar”. Estou usando a palavra com a devida licença, a fidalguia não permitiria que o fizesse, mas a indignação de ver uma autoridade tratar assim o cidadão , me obriga fazer o registro histórico.

Assim vamos... Hernani parece que não gosta muito de pegar no batente cedo e se cansa, é o que também parece, aí sim, cedo.

Seu secretário de saúde, ao contrário, parece que trabalha muito, mas só que no seu consultório, atendendo a sua clientela, aliás, um direito seu. Esta semana a reportagem do Correio dos Lagos On Line constatou exatamente isso, quando quis saber se o novo Pronto Socorro iria entrar em funcionamento. Eram 15:00h. Ele não pode falar com a reportagem porque “hoje Dr Claiton está muito apertado, tem muita gente para atender”, disse sua secretária.

Enquanto isso, no velho PS, as pessoas aguardavam por médicos que não apareciam e curtiam o desespero de ver um direito consagrado na Constituição ser pisoteado exatamente por quem deveria fazê-lo concreto.

Na undécima hora, quando BOs já tinham sido lavrados, o secretário de saúde apareceu, quando nada mais podia ser feito.

A saúde em Passos exige dedicação em tempo integral. O prefeito a população terá mesmo que esperar quatro anos e, se coisas continuarem nesse ritmo, para mandá-lo de volta para casa.

Já o secretário não. Ele pode sair por uma decisão sua ou da administração. E se a opção dele continuar sendo a sua clientela, uma das coisas teria que ajudá-lo a decidir, porque está passando da hora dele jogar a toalha.

terça-feira, 9 de junho de 2009

A hora do troco

A sessão da Câmara Municipal de ontem (08/06) mostrou, em alguns momentos, que tem um perfil bem diferente da anterior, se for feita uma comparação.

Não que seja significativo, mas é importante frisar essas diferenças. Elas não garantem postura definitiva nem evitam recaídas, mas é necessária a atitude para que os leitores formem opinião e vigiem o que é positivo e repudiem o negativo, encontrando meios para que isso chegue aos ouvidos de uns e de outros.

Retomando. Em outros tempos, se alguns, principalmente aquele que se beneficia em ocupar um cargo de assessor especial, contra a criação do qual votou, na época, nem tão remota assim, em que tais cargos foram criados, tivesse tido a chance que Tia Cenira teve de dar o troco em Edmilson, o circo estaria armado e, como ocorria então, acabaria na lavratura de um Boletim de Ocorrência pela PM.

Pois bem: Tia Cenira e Dentinho foram, na prática e colocando os pingos nos is, chamados de mentirosos por Edmilson Amparado (teriam usados de meias verdades –sic), quando o SAAE anunciou um reajuste esquisito, mal explicado propositalmente para confundir a opinião pública, como de fato conseguiu. A estratégia, nesse caso, foi brilhante. Os dois sustentavam que o SAAE havia incorporado o FISAN ao reajuste. Edmilson rebateu, dizendo que eles estavam contando meias verdades.

A hora do troco chegou na sessão desta segunda-feira e a postura de Tia Cenira e de Dentinho fez a verdadeira diferença.

Tia Cenira foi à tribuna e, sem meias palavras, resumiu: “não digo meias verdades. Só digo a verdade, do contrário prefiro ficar calada”. A defesa incluiu Dentinho que se manteve em silêncio. Edmilson teria engrandecido a cena, se tivesse se manifestado, até com um possível pedido de desculpa. Preferiu o silêncio, nesse caso, simbolizando que colocou a viola no saco e saiu da festa.
Outro que marcou posição, de uma forma veemente, foi Jefinho. Ele se definiu como oposição e afirmou que nesse papel pode ajudar muito a cidade. Está certo ele.

Mudando de assunto: A última enquete do site www.correiodoslagos.com.br, antes desta, mostra que 69% acham que a cidade tinha o que comemorar no seu aniversário, contra 31% que disseram o contrário.

A atual está em100% que afirmam que a prefeitura não inaugura o novo Pronto- Socorro agora em junho, como tinha comprometido fazer. Nesses 100% pode estar incluído o próprio secretário, Dr Claiton Piotto, que já jogou a toalha.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Vai empurrando

Havia uma promessa de que o novo Pronto Socorro seria colocado em funcionamento agora, em junho. Ainda estamos na primeira terça parte do mês. Mas a promessa, pelo pouco movimento em torno do assunto, vai para as calendas.

Hoje é dia de reunião na Câmara de Vereadores, bem que podíamos ter respostas para algumas questões, por parte da situação, por exemplo, como o funcionamento do novo Pronto Socorro.

Pelo lado da oposição, merece a retomada de temas como as contas do SAAE, uma proposta de investigação mais séria em torno da compra do Country pela FESP, bem como esmiuçar as horas extras e as diárias da prefeitura.

No caso das horas extras, os vereadores poderiam propor uma Comissão Especial de Investigação e, usando a lista que têm em seus poder, chamar um e fazer a pergunta básica: onde, quando e porque foi preciso, como servidor público, fazer hora extra?

No caso das diárias, a investigação deveria seguir o caminho da viagem. Pode ser que se surpreendam encontrando lugares pouco recomendável para um homem público freqüentar. Pode ser que não, que tudo esteja mesmo correto.

Vale a pena investigar. A prefeitura ficaria livre de suspeitas e, se encontrar algo errado, por certo ainda dá para consertar, punindo os responsáveis pelos erros e falhas cometidas.

E o funcionamento do novo Pronto Socorro. Alguém tem algo a dizer? Situação ou oposição?

A população mal atendida, na longa espera dos frios bancos do atual, aguarda ansiosa. Os senhores, senhoras, do poder legislativo e executivo, não estão percebendo? Dêem uma chegadinha lá. Eu já fui e vi que é uma covardia o tratamento que essa gente, que paga o salário de todos os agentes públicos, recebe.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Ação e Reação

Os vereadores de Passos, alguns, estiveram em Belo Horizonte para saber as razões pelas quais o IPSEMG, que é o instituto dos servidores de Minas Gerais, não fecha convênio com a Santa Casa. Lá ficaram sabendo, ouvindo o presidente do próprio órgão, que a Santa Casa não fecha porque não quer, já que o IPSEMG tem uma boa tabela, trabalha com 172 hospitais e, ainda por cima, paga em dia.

Antes, os mesmos vereadores, já tinham ido a Santa Casa e ouvido da direção do hospital quase que uma história escrita ao contrário.

Se a intenção de fazer com os servidores públicos do Estado sejam atendidos pela Santa Casa prevalecer, os edis passenses têm algum trabalho pela frente. Talvez nem seja o caso de remexer no passado, para saber, por exemplo, se o IPSEMG paga em dia ou não. De pouca adiantaria querer os pratos limpos.

O importante é que a Santa Casa atenda e que o IPSEMG pague. A Câmara Municipal, se tiver habilidade, pode ser a articuladora de um pleito de sucesso, reunindo os dois lados para uma conversa franca, que seja até mesmo às portas fechadas, mas com a presença do SINDIUTE e dos vereadores, com presença, é claro, de representantes do hospital e do instituto.

A vitória seria da comunidade, e de todos os envolvidos, restando ao IPSEMG resgatar sua credibilidade junto às instituições de saúde de Passos, incluindo o Hospital São José, agindo com responsabilidade na parte que lhe cabe no convênio.

300 mil dinares

A prefeitura, como denunciou a Gazeta Regional na edição de hoje, 04/06, gastou em quatro meses R$300 mil em horas extras.

É um valor alto e a administração municipal está obrigada a explicar melhor , caso a caso, o uso que faz das horas extras.

É claro que, em determinada situação, elas podem até ser necessárias, mas o que muita gente anda estranhando é que algumas figuras, com as horas extras, feitas quase todos os meses, equiparam o que ganham com “assessores mais graduados”, ocupantes de “cargo de confiança”.

Olha, a situação, do jeito que andam as coisas lá pelo lado do prédio da Geraldo Silva Maia, onde está instalada a sede da administração municipal, merece uma averiguação mais acurada e está na hora dos vereadores de oposição descerem da tribuna e propor uma investigação mais séria.

É preciso analisar com toda seriedade qual o caminho. Um deles pode ser o que leva até ao Fórum local e à sala da promotoria. Deixar que toda ação da administração desse tipo passe sem uma reação é que é nconcebível.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Pequeno, mas emblemático

O vereador Edmilson Amparado deu razão ao seu colega de vereança Luiz Carlos Souto Junior, o Dentinho, sobre a denúncia que fez do corte de energia no Conselho Tutelar de Passos, mas considerou o episódio uma coisa pequena.

Pode ser. Seria até. Se fosse algo realmente episódico, mas não é. Esta se tornando rotina essa maneira de fazer as coisas, quando a administração passa a péssima impressão de uma nau sem rumo, que carrega consigo o destino de 110 mil pessoas.

Um dia é o Conselho Tutelar que fica na escuridão. Outro é o prefeito que não entrega os documentos do FUNDEB na hora certa e tem que pagar uma multa de R$2 mil . Ali é o prédio do novo Pronto Socorro que não entra em funcionamento, mesmo que todo acabado e com recursos reservados para a compra de equipamentos. No outro momento é o Programa Remédio Em Casa desativado, que funcionava com uma pessoa e, de repente, a população fica sabendo, por denúncia do SEMPRE, que no lugar desta 19 estão fazendo o mesmo serviço, se é que estão mesmo.

A gestão Hernani peca, com maior gravidade que anterior, porque comete os mesmos erros da administração de Ataíde. Quer um exemplo? Contrata uma empresa para fazer a coleta de lixo sem licitação e destrói todo um processo (licitatório) praticamente pronto.

Utiliza-se de cargos de confiança e de “assessores especiais” para acalmar os “apoiadores” sedentos por posição no governo municipal.

Assoberbados por estes pecados, comete outros, que pesam mais ainda a mão sobre os ombros do gestor, quando parece contemplar com horas extras alguns aliados que não tiveram a chance de serem “aspone”, secretários ou diretores.

Então, o erro, “pequeno”, de deixar o Conselho Tutelar sem luz, é emblemático de uma gestão que está, no afã da correria, tropeçando sobre os cascos e pode, muito prematuramente, quebrar o pescoço.

Conserto tem. Mas para que isto possa acontecer, a presença do prefeito, e não é da presença física que se fala aqui, tem que ser mais forte e com muita disposição para liderar. Pena que esta vontade não tem sido muito notada pela comunidade.