Não é novidade para ninguém que Passos vive um caos na área de saúde, nem para os leitores desse modesto blog, cuja principal finalidade é propor uma discussão crítica sobre os mais diversos temas que envolvem a comunidade. Pode ser que muitos – ou alguns – que lêem os artigos postados façam uma interpretação apenas política segmentada, partidária mesmo. Não me importo com isso. O bom da democracia é a livre manifestação.
Mas, com toda segurança, o objetivo é debater, sem meias palavras, os rumos que a política e, principalmente os políticos, segue. Sempre na contramão dos interesses da comunidade e quase desnudando a todo o momento interesses difíceis de explicar, nebulosos e que deixam antever coisas tenebrosas.
Caso exemplar é da Coleta de Lixo. Pelo menos para os passenses, que assistem a esta história desde a gestão passada. Naquela época, o gargalo da coleta de então, obrigou o prefeito Ataíde a uma medida extrema, de emergência. Uma “emergência” que durou quatro anos, causadora do pior desgaste ao ex-prefeito.
Agora, a troca da empresa por três para executar o serviço que uma fazia, promete dores de cabeça ao atual prefeito, José Hernani. Mas isto é um detalhe que será amplamente discutido nos bastidores e que, se o lixo continuar sendo coletado com alguma regularidade, não trará maiores conseqüência para o cidadão
Duro, difícil mesmo, é o serviço de saúde. É um caos sem fim. E a péssima qualidade reflete diretamente na vida de toda a comunidade. Até hoje não conseguiram sequer um novo substituto para o diretor clínico do Pronto Socorro. Pessoas não qualificadas realizam serviço para as quais não estão capacitadas e o atendimento nos PSFs, coordenado por quem se suspeita que não tem nem o COREN – MG, continua de mal a pior. Acrescente-se a isso o fato de que esta “servidora” é nora do prefeito – ou pelo menos mantém um relacionamento estável com o filho do alcaide, o que enseja o legítimo pensamento de apadrinhamento para que ela viesse ocupar cargo de confiança que ocupa.
Dezenove pessoas, desconfia-se, contratadas pela Única para serem porteiras, jardineiras ou copeiras – porque outra função, por contrato, não podem ter – estão devidamente sentadas nas Unidades Básicas de Saúde a ver navios, já que exerciam o ofício de entregar os remédios em casa, o que já foi feito por uma pessoa só, o que foi proibido pela Vigilância Sanitária do Estado. E isto exige do titular da pasta presença constante para vigiar e corrigir as falhas, ou, em medida extrema, uma ação mais presente da Câmara de Vereadores e da promotoria pública.
O secretário de saúde, o médico Cleiton Piotto, acredita, como disse numa reunião da Comissão de Saúde da Câmara Municipal que dá para gerir a saúde à distância, conferindo planilhas e cobrando assessores, “como faço com a minha empresa”.
O que ele não contou, mas que a gente já verificou e constatou como uma verdade sem qualquer chance de ser desmentida, é que Cintia Freitas, funcionária particular, de sua confiança no consultório e na empresa, também atua como sua assessora na administração pública.
O comportamento do médico Cleiton Piotto, que atende no consultório é bem diferente do secretário. Toda tarde quem quiser pode conferir, como já o fizeram repórteres do Correio dos Lagos On Line, a dedicação é total a sua clientela. Uma coisa admirável mesmo.
Só para se ter uma idéia teve um repórter nosso que aguardou pacientemente por mais de hora e meia para ser atendido por ele – no seu consultório, já que havia procurado por ele na secretaria e não o encontrou – recebeu a informação da sua secretária que o doutor não poderia atender ali, por causa da agenda cheia.
Como será que o Dr Cleiton Piotto imagina que deve ser feita a administração de sua área? Será que ele consegue visualizar nas planilhas, nos dados estatísticos, o que é chegar na fila de atendimento a meia noite, quatro da manhã – seja no inverno e no verão – e na hora de pegar a ficha ficar de fora, sem poder contar ao médico qual é o seu problema?
Será que o Secretário de saúde é capaz de entender como se sente uma pessoa que vai ao Pronto Socorro, carregando filho no colo, o pai, a mãe e ter que esperar duas, três horas para receber o atendimento de “emergência”?
Não dá para acreditar que ele não perceba, até pela capacidade intelectual que tem, que não é a sua ausência que causa o caos. Mas a incapacidade de gerenciar a saúde que isto provoca. Imagina o seguinte: o diretor presidente da Wolks fica na Alemanha. Evidente que ele dirige uma instituição mundial e não pode estar todos os dias em todas elas. Mas sua presença diuturna na matriz faz com tenha o “pulso” de tudo, porque controla a produção de uma única empresa. Ele tem foco administrativo, tem metas a ser alcançadas, estratégias que envolve todo o grupo no mundo inteiro.
Como pode o Dr Cleiton, trazendo para os limites do município, ter uma atuação diversa, onde se destaca com brilhantismo no seu consultório, tratar a saúde de cem mil pessoas em segundo plano? Sem que haja esboçado qualquer projeto, realizado um diagnóstico e sem que assuma o papel de liderar um processo de recuperação do setor? E, mais grave, de nada adianta ter isto e não estar lá para conduzir a estratégia montada? É disso que falo e para este apelo que o secretário de saúde do município tem feito ouvidos moucos.
Dr, tenha dó! Esta falta de respeito não pode continuar. Se ninguém lhe cobra atitudes, ceda aos apelos de sua consciência e pede para sair. A população merece isto do senhor.