quinta-feira, 23 de abril de 2009

A primeira queda

Em Passos o secretário de saúde, Edvar Batista de Andrade, agora na condição de ex-secretário, deixa o cargo e é substituído pelo médico Cleiton Piotto, que não tem filiação partidária. A alegação ofiicial, sempre ela, por parte de quem sai é a incompatibilidade entre as atividades empresariais e as responsabilidades públicas. Na argumentação de Edvar algo merece registro: “gosto de fazer as coisas bem feitas”.

Edvar falou em público algumas vezes. Nessas poucas ocasiões bateu de frente com o modus operandi de quem hoje detém o poder político na cidade. Em uma delas elogiou o Programa Remédio Em Casa, detonado pela atual gestão, que voltou ao velho sistema do remédio no bolso do jaleco dos agentes de saúde. Em outra, disse que era difícil fazer voltar ao trabalho original os desviados de função (no caso da zoonose) e deu a entender que são muitos os padrinhos para sustentar a locação errada daqueles que deixaram a “bolsa” e foram se esconder do sol em gabinetes mais assombreados que as praças e árvores de nossas ruas.

Há quem diga que Edvar não concordava muito com o jeito revanchista de fazer política que muitos vêem no atual prefeito e há notícias, não confirmadas oficialmente, que, em pelo menos uma ocasião, houve alteração de vozes entre ele e o mandatário.

Agora que ele deixa o cargo, faz-se as vezes de que tudo ia bem no quartel de Abrantes. Mas o pouco tempo de sua permanência no cargo –quatro meses – deixa antever que as coisas não são bem assim.

A saúde, carro chefe da atual administração, não anda bem das pernas. O sinal maior é a pouca vontade de colocar em funcionamento a obra do novo Pronto Socorro, pronta e acabada. Outros sinais estão espalhados pelos PSFs e ambulatórios, distribuição de remédios e a dificuldade em contratar médicos.

Não basta o anúncio da contratação se a população não sente a presença do benefício. De que adianta dizer que melhorou se quando a pessoa precisa de atendimento depara com uma situação de caos, como é o caso da infra-estrutura do velho Pronto Socorro?

De que adianta afirmar que a distribuição do remédio em casa hoje é mais eficiente, se na hora que o paciente precisa do remédio tem que mandar alguém bater na porta da agente de saúde?

A sensação de que houve piora, principalmente por parte de quem apenas busca o serviço e não tem nenhuma paixão política, é inevitável.

Assim quem caiu não foi apenas o secretário de saúde. Sua saída evidencia a queda da credibilidade na principal promessa de campanha do atual prefeito: transformar a saúde para melhor. E nem resolve, para tentar justificar, afirmar que houve desmonte do setor nos últimos quatro anos, para tentar manter o palanque em pé. Esta é a pior escolha que pode ser feita.

O que a população espera de quem governa é mais ação e menos conversa.

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