quinta-feira, 23 de abril de 2009

A hora do troco

Até parecia que a reunião da Câmara Municipal de segunda-feira (30/03) iria transcorrer sem qualquer menção ao episódio de bastidores que tirou do anfiteatro dela a aula magna da Faculdade de Direito e a levou para o salão nobre do CPN, ao que parece, por pura birra do senhor Fábio Kallas, presidente do Conselho Curador da FESP.

A prudência com que o presidente do legislativo passense tratou do assunto também merece registro. Agora, que ele demonstrou, contando com a parceria dos demais vereadores, que o legislativo é respeitado em Passos e região, conseguindo atrair centenas de pessoas para o evento, era chegada a hora de lavar a roupa suja.

A questão foi abordada de forma tímida pelo vereador Dentinho, inicialmente, para em seguida ser colocada de forma contundente pelo vereador Jefinho.

Menos mal, já que a atitude de Fábio Kallas merece mesmo ser repudiada de forma veemente. Não se pode conceber que nos dias de hoje ainda se usem expediente que a ARENA (Aliança Renovadora Nacional), partido que os generais ditadores de 1964 usaram como instrumento de pressão em cima da sociedade, para forçar aplausos aos “líderes” do golpe militar, como o expediente de colocar escolares nas ruas com bandeirolas patriotas verde e amarela.

Naquela época de chumbo os “ditadores de plantão” e alguns “déspotas esclarecidos” coagiam as professoras a levar para a rua as pobres crianças que nem sabiam que eram massa de manobra dos dirigentes autoritários de então. Não há notícia de que alguns daqueles inocentes e pueris estudantes tenham deparado com um general nu e dado o grito: “o general está nu!”.

Foi a sociedade civil organizada, em comum trabalho junto a políticos esclarecidos do valor da democracia, que desmacaram a “revolução de 64″, colocaram nela a vestimenta a certa, a da ditadura militar, e fizeram a vida dos brasileiros correr no leito natural da democracia.

Mas, voltando ao assunto, por aqui, em tempos mais modernos, o Fábio Kallas tomou a medida “administrativa” de conceder a cada aluno que comparecesse ao evento cinco pontos como bonificação e aos professores a obrigação de assinarem o ponto.

Uma pena que tenha sido assim e não pelo convencimento da necessidade de ver alguém com a envergadura de Antonio Anastasia falar sobre uma obra, não de concreto, mas de inteligência que colocou o Estado de Minas na vanguarda do controle gerencial do Estado, o choque de gestão.

Mas o destino também reserva suas ironias. No dia do evento preparado para a consagração do presidente da FESP no seu apogeu anfitrionista, eis que um problema de saúde o tirou da festa armada a “ferro e fogo”, pela força de expedientes muito próximos da coerção e grande contundência.

Alguém pode até dizer que o castigo veio no garupa do desejo de ser o único com sucesso entre todos, algo bem típico das índoles autoritárias, que um dia será devestida e colocada às escancaras aos olhos de todos, apenas para que todos saibam com quem sempre esteve a razão.

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