sábado, 20 de junho de 2009

Campanha necessária

Era para não falar mais do assunto. A saúde em Passos anda caótica. E quando a gente volta muito ao tema a impressão que se tem é que falta assunto ou que temos uma rixa particular com alguém que ocupa cargo de direção naquele setor ou segmento.


Começo por esclarecer que não é nada disso. Não conheço ninguém que ocupe função de direção na área de saúde na atual administração. Já tive contatados ocasionais com o secretário de saúde, Dr Cleiton Pioto e, por eventualidade e necessidade de atenção à saúde, fui atendido emergencialmente pelo cardiologista José Milton que, naquele dia por sinal, assumia a condição de diretor do PS.


Mas diante do que falou aos microfones da rádio Passos, AM, o médico Jobel Caetano de Morais, servidor há mais de dez anos no Pronto Socorro, afirmando com todas as letras que o diretor nomeado é, na prática, relapso no atendimento que faz aos pacientes, não é possível deixar passar batido tal situação.


Só para deixar o nosso leitor melhor informado, o diretor foi uma das razões do grande tumulto ocorrido naquele local de atendimento de urgência, conforme denuncia do seu colega Jobel, porque chegara atrasado cerca de uma hora.


Então, quer dizer que o problema da saúde em Passos está no novo diretor do Pronto Socorro? Claro que não. A linha de raciocínio usada serve para mostrar o quanto o gerenciamento da saúde na cidade anda precário. Por extensão do ato da nomeação, são relapsos todos os responsáveis pela gestão da saúde do município. É certo, que novo diretor José Milton tem direito a defesa, o que até agora não o fez, mas o ato de sua nomeação ilustra o pouco respeito com que se trata o setor no município.


Começa pelo tempo que o secretário da saúde dedica ao serviço. Metade do dia, que começa por volta das 10:00h e termina 13:00h. Depois ele só é encontrado no seu consultório, quando nunca pode atender a impressa, por exemplo.


Numa cidade que tem 110 mil habitantes, 17 PSFS, 08 ambulatórios, 02 CAPS, um hospital público do porte da Santa Casa, uma dezena de laboratórios para exames clínicos, o secretário de saúde não se pode dar ao luxo de ser um mero avaliador de documentos, exercendo uma função burocrática, trabalhando apenas meio expediente.


Ele é o fiador e – ainda mais – o responsável pela implementação das políticas públicas para o setor. Conta em seu favor o pouco tempo da gestão Hernani. Seria o caso de dizer que ainda não deu tempo de fazer as coisas entrarem nos eixos, mas as atitudes tomadas até agora sinalizam para o rumo de um retrocesso sem precedentes.


Ao sair, a ex-diretora do Pronto Socorro, Dra Virna Grintacci, foi a única que apontou o caminho das pedras: “está se contratando administradores para gerir aqui”, disse referindo ao local que até então dirigia.


A profissionalização do setor é o caminho a ser seguido. Mas antes disso, a Comissão de Saúde da Câmara tem uma árdua tarefa: investigar as razões do caos. Não basta chamar os responsáveis, ouvi-los e despacha-los de volta para as suas funções.


É necessário que se faça um raio x de tudo e em todas as áreas do setor. Que o trabalho seja feito acompanhado por auditores, com responsabilidade de se fazer uma avaliação séria, para apontar caminhos e soluções para a grave situação do setor da saúde, que é hoje muito grave, talvez pela inércia do prefeito que, embora médico, não tem se mostrado competente para tratar da questão.


A Comissão de Saúde pode, por isso, contribuir e muito, se não deixar se levar pelo fácil caminho dos discursos acusatórios, para que o atendimento na saúde seja melhorado em favor da população. Afinal, é isto que a população espera e é isto que o poder público lhe deve.


É por isso que tenho sido persistente em insistir no tema. Acabar com esta inércia é uma necessidade e para que isso aconteça vale uma campanha, que vou continuar fazendo até que as coisas entrem nos eixos.



Não importa que soe como voz no deserto. Será sempre um som em favor daqueles que hoje mofam na espera de um atendimento que demora, quando pouco, pelo menos duas horas e que, não raro, às vezes, têm que esperar até quatro horas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário